segunda-feira, 9 de abril de 2012

PE lança PPP para investir R$ 4,3 bi em saneamento



Por Murillo Camarotto | Do Recife
O governo de Pernambuco pretende lançar ainda neste mês o edital de uma Parceria Público-Privada (PPP) para investimentos em saneamento básico na região metropolitana do Recife. O projeto, elaborado pelas construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, está sendo discutido com entidades da sociedade civil e prevê aporte de R$ 4,3 bilhões nos próximos 12 anos. A expectativa é que a licitação ocorra em junho, com início imediato das obras.
O objetivo da PPP é elevar de 30% para 90% o total de domicílios atendidos com tratamento de esgoto nos 11 municípios do Grande Recife, além da cidade de Goiana, que fica na Mata Norte e vai receber uma fábrica da Fiat. "A ideia é a universalização, porém algumas áreas que ficam mais afastadas e têm acesso complicado vão acabar ficando de fora", explicou Lauro Gusmão, secretário-adjunto da Secretaria de Governo, responsável pelo projeto.
O braço público da PPP será a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Seu presidente, Roberto Tavares, diz que a universalização pretendida levaria cerca de 90 anos para ser concluída pelo modelo atual de investimento. "A nossa proposta considera que o modelo atual fracassou. Hoje, 22 unidades federativas do Brasil têm cobertura abaixo de 40% [de tratamento de esgoto]. O financiamento para o setor é muito burocratizado, além de as empresas estaduais enfrentarem problemas de regularização fundiária."
Atualmente, o investimento público em esgotamento sanitário pode ser feito com dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), seja por meio de financiamento com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou a fundo perdido, se o projeto estiver previsto no Orçamento Geral da União.
Pela modelagem definida no projeto pernambucano, o sócio privado fará todo o investimento em infraestrutura - como construção das estações de tratamento e elevatórias - e será remunerado pela Compesa durante 35 anos com o dinheiro da parcela referente ao tratamento de esgoto que está incluída na conta de água. Vence a licitação a empresa que cobrar o menor percentual sobre a tarifa. O teto inicial foi estipulado em 90%, o que representa hoje algo em torno de R$ 130 milhões por ano.
O presidente da Compesa esclarece que o repasse financeiro ao investidor privado será feito com o dinheiro resultante da arrecadação de todas as contas de água da região incluída na PPP, inclusive dos domicílios que já contam com tratamento de esgoto.
"Isso será importante, porque permite que o investidor receba algum recurso durante as obras, e não só quando estiver tudo pronto", explicou Tavares. Ele fez questão de salientar que o repasse será gradual, atingindo o patamar definido na licitação somente após o terceiro ano de obras.
O projeto está sendo questionado pelo Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco, que acredita que a intenção do governo estadual é privatizar o sistema. Tavares nega. Diz que não haverá qualquer transferência de ativos da Compesa para o parceiro privado. "Após os 35 anos, volta tudo para o Estado", afirmou.

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